quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Como Incutir na Criança o Gosto pelo Esforço

«Nos nossos dias, vive-se num mundo onde parece que tudo é possível acontecer como que por magia, por milagre ou por sorte, sem necessidade de grandes esforços. Basta ver o que nos apresentam os meios de comunicação social. Tendo em conta esta realidade, como convencer as crianças/jovens de que é necessário tempo, concentração e esforço para se alcançarem certos e determinados objetivos?



O sentido do esforço não é algo espontâneo, inato, mas sim o fruto de uma aprendizagem, de uma tomada de consciência, que só pode ocorrer na criança com a ajuda dos adultos. Esforçar-se é conseguir ultrapassar uma resistência para se alcançar um objetivo. Neste sentido, é necessário fazer-se ver à criança que, uma vez o objetivo alcançado, ela pode sentir-se orgulhosa e até falar disso com ela própria, por exemplo: “Isto não foi fácil de conseguir, mas fui eu que o fiz.”



Motivar a criança para o esforço é ajudá-la a imaginar um determinado resultado e a desfrutar a alegria por o ter conseguido. Este tipo de atitude faz com que se transmita à criança a ideia de que o futuro também depende do sentido que ela lhe quiser dar e que, por acréscimo, desenvolve-lhe o sentido de confiança, de autonomia, de otimismo, de criatividade, de perceção e de consciência das suas capacidades, da sua autoimagem positiva e o de abstração do presente, sem perder o contacto com a realidade. À medida que cada objetivo é atingido, a alegria e o entusiasmo proveniente dessa concretização funcionará como um incentivo, como uma espécie de fonte energética para o próximo esforço e, com o decorrer do tempo, a criança ficará mais preparada para encarar os desafios da vida.



Porém, quando, mesmo assim, a criança não o consegue é preciso ajudá-la não só a aceitar a frustração como também levá-la a ver, a compreender e a tentar perceber o que é que não funcionou: Terá o objetivo sido demasiado alto? Poderia ela tê-lo atingido de uma outra forma? E, sempre que possível, ajudá-la a identificar os seus pontos fortes e os fracos, valorizando os primeiros (ainda que seja um só!) e assinalando os fracos, mas sempre sem a envergonhar, para não penalizar o/a seu/sua autoconceito/autoestima .
Incutir, desde a infância, o gosto pelo esforço vai permitir que a criança crie as estruturas mentais necessárias de condicionalismo, de automatismo, para as ir repetindo na vida adulta. Ajudar-se-á, desta forma, a que se torne, na vida, num indivíduo ativo, mais independente.



A criança que cresce acreditando que se pode obter tudo sem esforço, provavelmente, será um adulto emocional imaturo, preso a uma fase de desenvolvimento ainda egoísta, tornando-se vicioso na aquisição de bens materiais, mas eternamente insatisfeito. Logo que acabe de adquirir algo, já quer outro. »



Informação extraída de António Valentim, Psicólogo Clínico da COE


Olga Narciso Vasconcelos

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